Kihon: A Base de todo o treinamento do Karatê

 

Kihon é a base da construção do ser karateca.

Quando pensamos em Karatê, muitos visualizam katas e lutas de competição (shiai kumitê). No entanto, o verdadeiro poder do Karatê começa por algo mais simples, porém essencial: o Kihon. 

Neste artigo, vamos decifrar os significados e objetivos dessa pratica denominada Kihon, entender sua importância e como ele molda um karateka desde o primeiro passo no Dojô até a maestria técnica.

O que é Kihon no Karate?

Kihon (基本) significa literalmente "fundamento" ou "base" em japonês. No Karatê, ele se refere ao treinamento do conjunto de técnicas básicas que formam a espinha dorsal da arte marcial: socos (tsuki), chutes (geri), defesas (uke) e posturas (dachi), joelhadas (hiza), cotoveladas (empi), ataques de mão aberta (kaisho), cabeçadas (atama), ou qualquer outra técnica que possibilite um ataque ou uma defesa.

De forma simples, é repetir as técnicas no ar primeiro para desenvolver e depois para aprimorá-las.*

Essas técnicas são praticadas repetidamente para construir memória muscular, fortalecer o corpo e criar uma base sólida de movimentos que serão executados no kata e aplicados no kumitê.

Por que o Kihon é tão importante?

Muitos iniciantes subestimam o valor do Kihon, desejando pular direto para lutas ou sequências avançadas. Mas sem uma base bem construída, a técnica perde potência, precisão e fluidez. O Kihon:

• Desenvolve o Dosen, ou o caminho que técnica percorrerá no espaço formando seu desenho e sua trajetória;
• Desenvolve o Yusen, ou o caminho que a energia percorre dentro do corpo para gerar a potência dos movimentos no Kime;
• Desenvolve a Postura que sustentará a movimentação do corpo e possibilitará o fluxo do Dosen e do Yusen;
• Fortalece o corpo, adaptando o sistema nervoso e aprimorando o sistema muscular para garantir a efetividade das técnicas;
• Constrói confiança, pois permite que o praticante desenvolva segurança na sua própria habilidade.

Kihon é a fase mais importante do aspecto técnico do treinamento de Karatê.**

Como treinar o Kihon de forma eficaz?

A eficácia do treino de Kihon depende de atenção aos detalhes e consistência. Aqui estão algumas dicas para potencializar seus treinos:

• Comece devagar e consciente: entenda cada parte do movimento antes de buscar velocidade e garanta que cada parte da técnica está sendo executada corretamente;
• Use espelhos ou vídeos para corrigir sua postura e alinhamento;
• Aumente gradualmente a velocidade: uma vez adquirida a coordenação, aumente a velocidade aos poucos sem comprometer a técnica;
• Peça feedback ao seu sensei regularmente;
• Integre o Kihon ao seu dia a dia, praticando mentalmente ou com movimentos leves fora do dojo;
• Por último, tendo desenvolvido coordenação e velocidade razoáveis, treine para aplicar potência ou Kime no movimento.

O que diferencia a técnica de um karateca iniciante da de um praticante avançado é a quantidade de detalhes que o segundo imprime na execução dos movimentos.

Kihon, Kata e Kumite: a tríade metodológica

O Kihon não é uma fase do aprendizado — ele é constante. Mesmo mestres com décadas de prática continuam lapidando seus fundamentos; o ciclo é uma espiral ascendente e infinita.

O Kihon se manifesta no Kata (forma) e no Kumitê (combate). Sem Kihon, não há equilíbrio, ritmo ou fluidez nas demais áreas do Karatê.

Treinar o Kihon é como afiar uma espada: quanto mais você pratica, mais afiado e preciso você se torna.***

Leia também: Implementando a prática do Jiyu Kumitê no seu Dojô

Considerações finais: o Kihon como filosofia

Mais do que técnica, o Kihon representa atitude e humildade. Ele nos lembra que o caminho do Karatê é contínuo e que devemos sempre voltar à base para evoluir. Assim como uma casa precisa de alicerces sólidos, um karateka depende do Kihon para crescer com estabilidade e força.

Observações

*Quando executamos as técnicas contra algum obstáculo ou com contato, outras valências estão buscando ser desenvolvidadas.

**Friso aspecto técnico pois o Karatê possui dois aspectos interdependes e que no entanto podem ser desenvolvidos isoladamente: o aspecto técnico e o aspecto tático de aplicação das técnicas e que é outro setor da pratica.

***Aqui uma metáfora dos dois aspectos: no aspecto técnico se afia a espada, no aspecto tático, se aprende a usar a espada.

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